17/09/2025

Você já parou para pensar por que tantos líderes, mesmo com MBAs, certificações e anos de experiência, ainda falham em inspirar e engajar suas equipes? Segundo a Psicologia, o autoconhecimento é a capacidade de compreender as próprias emoções, crenças, padrões de comportamento e motivações. Parece simples, mas pesquisas revelam que mais de 70% dos profissionais acreditam se conhecer, enquanto apenas 15% de fato possuem essa consciência profunda. A contradição é evidente: como liderar pessoas se ainda não conseguimos liderar a nós mesmos?

Antes de desenvolver uma equipe, o líder precisa se desenvolver. Sem essa base, qualquer estrutura se torna instável. As crenças que carregamos, por exemplo, podem ser trampolins de evolução, mas também podem nos aprisionar. As influências invisíveis de família, escola, religião, amigos e sociedade moldaram nossos paradigmas, e quanto menos nos damos conta disso, mais ficamos reféns dessas marcas silenciosas. Tentar modificar atitudes e comportamentos sem revisar esses paradigmas é como pintar paredes mofadas: o problema continua lá, escondido, pronto para ressurgir. O verdadeiro impacto surge do movimento de dentro para fora, quando o líder reconhece e transforma seus próprios padrões antes de tentar conduzir os outros.

Um paralelo simples pode ajudar. Imagine que você acabou de se mudar para uma casa. Os cômodos principais estão organizados, mas alguns ainda permanecem cheios de caixas e bagunça. Você sabe que aquilo está ali, mas escolhe não olhar. O autoconhecimento é exatamente esse processo de abrir as portas esquecidas. Às vezes, o que encontramos pode ser desconfortável, mas só ao encarar a bagunça conseguimos colocar as coisas em ordem. Respeitar esse processo, entender que nem tudo precisa ser arrumado de uma vez, mas que é necessário abrir espaço e clareza pouco a pouco, é o que diferencia líderes medianos de líderes memoráveis.

E aqui surge a grande provocação: você realmente se conhece? Sabe o que o motiva todos os dias? Consegue identificar seus pontos cegos como líder? A sua equipe enxerga coerência entre o que você diz e o que você pratica? A ausência de autoliderança explica por que tantos profissionais, brilhantes do ponto de vista técnico, não conseguem sustentar o essencial. Faltam disciplina, equilíbrio emocional e consistência ética. E convenhamos: ninguém segue de bom grado alguém que não dá o exemplo.

Na gestão de pessoas, a liderança não se mede apenas pelo cargo que se ocupa ou pelo domínio técnico que se possui, mas pela capacidade de conduzir seres humanos em direção a um propósito comum. Quem não se conhece dificilmente inspira confiança. Quem não tem clareza de seus valores e de sua visão dificilmente conseguirá unir diferentes perfis, sonhos e missões em torno de uma estratégia compartilhada.

A reflexão final é inevitável. Você conhece de verdade a si mesmo e a sua equipe? Está pronto para abrir os cômodos esquecidos, enfrentar a bagunça e se fortalecer a partir disso? Se a resposta for não, talvez este seja o momento de investir em autoconhecimento. Porque liderar começa dentro. Só depois se expande para fora.

Helen Messias

Helen Messias